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O que é Robótica Educacional?

O termo Robótica Educacional não é uma expressão boa o suficiente para o uso no ensino. Isso se deve ao fato de que “Robótica” deriva da palavra Robô e que tem sua raiz na língua Tcheca, que por sua vez vem do vocábulo “Robota” que significa escravo. Foi no livro A Fábrica de Robô (Karel Tchapek) que o termo Robô foi cunhado. Logo, não podemos dizer que é um termo muito bom.
Por causa disso criamos um termo que acreditamos ser melhor e expressa uma preocupação com o educando, do qual gostamos de chamar de “Pedagogia da Tecnologia” que seria composta de vários elementos do que chamamos de “Robótica”.

Um exemplo de aprendizagem dentro da Pedagogia da Tecnologia seria a prática para aprender circuitos, podendo usar tinta condutiva, massinha condutiva, ou fita condutiva, materiais escolares especiais. Ou então, uma prática para aprender a gerar energia, na qual seria criado algum tipo de aparelho para tal fim.

Levando em consideração que crianças não podem exercer suas atividades com qualquer tipo de elemento químico tóxico e materiais que podem causar danos. Na Pedagogia da Tecnologia ensinada no ensino fundamental os materiais precisam ser familiares, seguros remetendo ao lúdico e ao artístico. Nesse caso não seria possível usar placas de silício ou elementos químicos que são inerentes a engenharia da computação. Tais materiais são  de difícil manipulação e produção.

Aprendizagem crítica sobre a relação da tecnologia com a sociedade também faz parte da Pedagogia da Tecnologia. Alunos de mais de 14 anos, precisam aprender lidar com mundos virtuais, rede sociais, e suas informações. Precisam ter consciência dos seus direitos civis, e lutar sempre por uma tecnologia livre e que não coloque em risco a liberdade e a democracia. E isso precisa ser trazido para o ambiente de aprendizagem. Professores precisam levar aos alunos livros importantes como 1984 (Orwell – 1949), Cypherpunk (Assange – 2013) e outros. Além de debater criticamente estes com os educandos.

Por que ensinar tecnologia no ensino fundamental?

No começo dos anos 80, após uma revolução tecnológica dos anos 60 e 70 que gerou uma corrida na criação de um computador pessoal, o chamado PC começou a ser difundido na sociedade. Isso mudou a base das correlações de produção, comércio e trabalho no mundo.

Se podemos dizer que existiu a era do Bronze podemos dizer também que existe a era do Silício na qual estamos vivendo.

Hoje, todo meio de produção e serviço é e será sempre vinculado a tecnologia, ou meios digitais.

Sendo assim dos anos 60 para cá, podemos dizer que a tecnologia evoluiu de tal maneira que já não é mais um estudo apenas de especialistas formados na área, pessoas de todas as áreas e idade tem uma relação com a tecnologia digital conectada, sendo extremamente necessário ter uma Pedagogia que leve as pessoas desde a infância a se relacionar com tais ferramentas de maneira saudável e que dê informações e conhecimento sobre o controle destas, de forma a criar uma sociedade melhor.  

Além dessa relação com a tecnologia que em muitos casos é problemática, também temos a capacidade de produção da qual a tecnologia tem o domínio nos dias de hoje. É sabido, que 80% dos projetos de tecnologia, falham, e isso se deve a rapidez que as coisas mudam, ou talvez pelo pensamento líquido da sociedade sobre as coisas, como Bauman diria.
Mal se está terminando uma atualização ou manutenção de alguma coisa, e já se está necessitando de outras prioridades. Mas a pergunta a fazer é: Essa mudança de prioridades, se deve a estrutura da tecnologia do mundo que vivemos, ou a relação que temos com a nossa capacidade de criar, compartilhar e fornecer informações rápidas demais gerando um atropelo de informações? E porque há essa avalanche de informação, e necessidade?

Acho que a resposta é que sempre empresas que começaram primeiro, ou sociedade, grupos e pessoas que teve acesso a tecnologia primeiro estão sempre criando padrões, soluções e comportamento do qual quem chegou depois está tentando absorver, se adaptar ou superar.

Antigamente você tinha o mito do nerd que ficava no quarto criando coisas incríveis que ninguém entendia. Talvez esse nerd viraria um Steve Jobs ou Bill Gates. Mas toda essa conversa é um mito sobre outro mito. Tanto Steve Jobs como Bill Gates se valeram de estar morando e cursando nos locais mais propícios para o desenvolvimento da tecnologia de ponta. Talvez nenhum outro ser humano estava tão perto das revoluções que iriam acontecer nas próximas décadas. Há um livro chamado Fora de Série (Outliers) do professor e pesquisador Malcolm Gladwell,  ele exemplifica bem este caso, e baseado em pesquisas e dados, mostra que quando mais cedo uma pessoa começa fazer algo, há mais probabilidade de ser um “Outlier”. 

Ou seja tanto desenvolvimento tecnológico e científico passam por um processo de experimentação de proximidade com os fatores que levam ao evoluir. Cercear a criança e o adolescente na interação com estas ferramentas e o conhecimento destas, é cercear o seu futuro, é cercear a possibilidade de não ser apenas consumidor daqueles que puderam ter mais chances e dominam os meios tecnológicos, ou melhor, os meios de produção. 

Tiramos essa conclusão que nenhum jovem ou criança hoje vai poder se beneficiar de maneira integral da tecnologia e de suas revoluções se desde criança não tiver contato com uma pedagogia tecnológica, da qual faça parte do seu cotidiano. Assim poderemos fazer da tecnologia amiga da sociedade e ferramenta de integração. Portanto precisamos colocar nossas crianças e adolescentes no lugar propício onde irão se relacionar com tecnologia de forma natural assim como Steve Jobs e Bill Gates, mais para ser diferente, para avançar, para não sempre seguindo.
Começar a pensar em outras formas de nos relacionarmos com a tecnologia numa Pedagogia da Tecnologia num mundo menos líquido.
E como Jacques Derrida dizia, precisamos também desconstruir as peças, para que possamos rever o que realmente queremos. Qual tecnologia queremos? Podemos criar produtos e tecnologia com outro olhar? Talvez há algo de mais interessante do que o celular e uma rede social que lhe dará apenas problemas nos olhos, depressão, e lesão por esforço repetitivo.